Certa vez, no aniversário do tio Joaquim (já falecido) estava eu belo e formoso sentado à mesa conversando com um amigo quando de repente ouvi pelas caixas de som do salão o seguinte recado: “O Marcos, Marquinhos, está por aí?”. Só em ouvir meu nome já tremi na base.
Ergui a mão, sinalizando onde estava. Insatisfeito com o gesto, meu tio falou novamente no microfone: “Vem até aqui no palco, por favor.” Para chegar até o referido palco tive que atravessar um enorme corredor e ser ‘filmado’ por dezenas de amigos, parentes e convidados que ocupavam as cadeiras do Pavilhão onde anualmente acontecia a Festa do Colono em Itajaí (SC).
Já no palco, na parte de baixo, tio Joaquim perguntou: “tu podes pegar a câmera (amadora) e gravar os convidados e depois deixar uma mensagem tua também?”.
Respondi: “tio, não sei gravar. Não posso”.
Incrédulo, tio Joaquim ficou mudo com minha resposta, mas respeitou minha decisão. Minutos depois ele pediu para um primo meu gravar o momento, e deu tudo certo.
Mas para mim não estava nada certo.
Por quê negar? Porquê tremer? Por quê não aproveitar aquela oportunidade em se desenvolver perante as câmeras? Algo não estava bem. E as respostas para estas perguntas tive que buscar em um curso de oratória.
Até hoje fiz três cursos de formação como Orador. Em um deles, pela R&R Treinamento, ao entrar na sala de aula tive que encarar uma câmera e um tripé – como os equipamentos que as emissoras de TV usam – e já explicar, de cara, na primeira, quem era eu, idade, profissão e porque estava ali.
Durante uma semana mergulhei nas técnicas da Oratória e devorei os conteúdos. Aproveitei o que pude. Lá no fundo pensava: como pode eu ter tanto medo de uma câmera? Não me conformava em ter dito ‘não’ ao tio Joaquim.
O curso durou quatro dias e, na sexta a noite, quando acabou, saímos com um pintinho (aquele mesmo, filhote da galinha) dentro de uma caixa de papelão. O bichinho piava tanto que acabei doando para um amigo de quarto. Detalhe: na segunda-feira, antes da gravação em frente à câmera, fomos presentados com o ovo. Estava nascendo um orador, simbolicamente falando e foi assim que os facilitadores na época trabalharam com seus alunos inexperientes.
Anos mais tarde, já sem o tio Joaquim, lá estava eu não só falando no palco, mas sim, sendo o Celebrante de um casamento de bodas de prata. Parte da família que viu - lá trás - o meu ‘desespero’ ao ser convidado para ir no palco, testemunhava agora o ‘Marquinhos’ sendo o Mestre de Cerimônias dentro de uma igreja em Joinville, SC.
Aprender as técnicas da Oratória fizeram eu me reinventar como pessoa e profissional da comunicação.
Aprendi também que ao dizer UM não, tenho a chance de me superar e responder uns TRÊS sim, como estratégia de desenvolvimento pessoal, de crescimento. Vou errar, mas errar melhor.
Com orgulho digo e pergunto para eu mesmo: quem diria, hein?
Na década de 2000 corria da câmera, e menos de 10 anos depois estava entrando ao vivo na casa de milhares de catarinenses através do Jornal do Almoço, pela então RBS TV, afiliada da Rede Globo.
Essa é uma dica valiosa: não se conforme com pouco. Não permita perder oportunidades de crescimento seja qual área for. Procure desenvolver-se cada vez mais na ‘comunicação’ - uma das habilidades mais requisitadas e essenciais para alavancar a sua carreira pessoal e profissional.
Sabe aquele que se sente muito bem em frente às câmeras atualmente?
Felizmente, esse cara sou eu.
E você, corre ou agarra um equipamento para expor suas habilidades?
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